Síndico se recusa a entregar documentos: o que ele quer esconder? Prestação de contas completa!

Você confiaria seu dinheiro a alguém que se recusa a mostrar onde gastou? Infelizmente, essa é a realidade de muitos condomínios onde o síndico anterior desaparece com os documentos e dificulta a transparência. A Prestação de Contas não é opção, é obrigação. Essa situação foi relatada recentemente no artigo do portal SíndicoNet, onde uma síndica recém-eleita denunciou que o gestor anterior não queria entregar os comprovantes de despesas do condomínio.

Mas afinal, por que isso acontece? E o que fazer para evitar que um condomínio fique no escuro sobre a administração? A prestação de contas anual do síndico não pode ser reduzida a um simples resumo financeiro. O papel do síndico vai muito além de administrar dinheiro; envolve planejar, organizar, dirigir e controlar todas as atividades do condomínio. Assim como em qualquer gestão responsável, é essencial que os moradores saibam o que foi feito, como foi feito e quais foram os resultados alcançados.

A obrigação legal da prestação de contas

A prestação de contas do síndico é uma exigência legal prevista no Código Civil. O artigo 1.348 determina que cabe ao síndico "prestar contas à assembleia, anualmente e quando exigido". Isso significa que não basta mostrar os números – é necessário apresentar as ações, as melhorias implementadas e os desafios enfrentados ao longo do mandato.

Muitos moradores acreditam que a prestação de contas se limita ao saldo financeiro e ao cumprimento do orçamento. No entanto, o síndico administra um ambiente complexo que envolve pessoas, serviços, contratos e a infraestrutura do prédio. Por isso, além dos números, ele deve mostrar os resultados concretos da sua gestão em cada uma das quatro funções administrativas.

Planejamento: o que foi pensado para o condomínio

Todo condomínio precisa de planejamento. O síndico deve apresentar não apenas a execução da previsão orçamentária, mas também demonstrar que traçou estratégias para melhorar custos e serviços. A previsão orçamentária é apenas um dos elementos do planejamento e, por lei, ela se destina exclusivamente às despesas ordinárias – ou seja, os gastos recorrentes necessários para o funcionamento do condomínio.

Além disso, o planejamento precisa incluir melhorias estruturais e operacionais. Se o síndico decidiu trocar um sistema de iluminação para reduzir a conta de energia ou organizou um treinamento para funcionários visando aumentar a eficiência dos serviços, isso deve estar registrado na prestação de contas. São essas ações que realmente fazem diferença na gestão condominial.

Organização: como o condomínio foi estruturado para melhorar custos e serviços

Uma gestão eficiente depende de organização. O síndico precisa demonstrar como distribuiu tarefas, otimizou contratos e garantiu que os serviços prestados atenderam às expectativas dos moradores.

Isso inclui, por exemplo, a escolha de fornecedores mais vantajosos, a negociação de contratos para reduzir custos sem perda de qualidade e a implementação de rotinas para melhorar a manutenção e limpeza. Também é importante que a prestação de contas apresente mudanças na estrutura organizacional do condomínio que trouxeram benefícios práticos para os moradores.

Direção: a condução das pessoas para um condomínio melhor

Um condomínio não é apenas um conjunto de contas e contratos; ele é formado por pessoas. O síndico deve demonstrar como orientou funcionários, fornecedores e moradores para garantir uma convivência harmoniosa e eficiente.

Isso inclui a capacitação dos empregados do condomínio, a fiscalização do cumprimento de contratos por parte das empresas terceirizadas e a mediação de conflitos entre moradores. Além disso, é importante apresentar o que foi feito para incentivar a participação dos condôminos nas decisões do prédio. Assembleias bem organizadas e comunicados claros fazem parte da boa direção do condomínio.

Controle: a garantia de que tudo foi feito corretamente

A última função administrativa essencial na prestação de contas é o controle. O síndico deve demonstrar que acompanhou de perto as despesas, verificou a qualidade dos serviços prestados e garantiu que o planejamento foi cumprido.

Isso significa apresentar comparações entre o previsto e o realizado, explicar eventuais desvios e apontar medidas corretivas adotadas para evitar desperdícios. Um síndico que apenas mostra os gastos sem comprovar que houve fiscalização e ajustes não está cumprindo corretamente sua função.

Condomínio Transparente

Competência e engajamento: quem deve ser síndico?

A legislação permite que qualquer pessoa possa ser síndico, mesmo sem residir no condomínio e sem formação específica. No entanto, isso não significa que o condomínio deva aceitar qualquer um para o cargo. O volume de informações e responsabilidades envolvidas na administração de um condomínio exige alguém que tenha não apenas interesse, mas também competência para exercer a função com transparência e eficiência.

Para garantir que a prestação de contas atenda a todos os critérios apresentados neste artigo, o síndico precisa ter conhecimento sobre planejamento, organização, direção e controle. Isso significa que um condômino residente, por estar imerso na rotina do condomínio, tem mais chances de entender as necessidades e acompanhar a execução das decisões tomadas em assembleia. Por outro lado, um síndico que não mora no condomínio pode estar desconectado da realidade local, dificultando a comunicação e a resolução de problemas.

Outra alternativa segura para o condomínio é optar por um Administrador formado e devidamente registrado no Conselho Regional de Administração. A formação em Administração garante que o profissional tenha os conhecimentos técnicos necessários para lidar com contratos, finanças, gestão de pessoas e processos administrativos. Além disso, ao escolher um síndico profissional com registro, o condomínio conta com um profissional que responde eticamente pelo seu trabalho, trazendo mais segurança para os condôminos.

Dessa forma, ainda que qualquer pessoa possa legalmente ocupar o cargo de síndico, o condomínio deve buscar alguém com competência e compromisso para garantir uma administração responsável e eficiente. A transparência e o bom funcionamento do condomínio dependem diretamente da qualificação e do envolvimento de quem está à frente da gestão.

Prestação de contas transparente: direito dos moradores

O morador tem o direito de saber não apenas para onde foi o dinheiro, mas o que foi feito para melhorar o condomínio. A transparência da gestão condominial é essencial para que todos confiem no trabalho do síndico e possam avaliar sua atuação de forma justa.

Isso significa que a prestação de contas deve ser acessível e compreensível. Não basta empilhar papéis e números complicados – é preciso apresentar um relatório claro, destacando as principais ações realizadas e os benefícios alcançados.

Onde verificar se seu síndico profissional é registrado

Em cada Estado a consulta deve ocorrer no Conselho Regional do seu Estado. Em São Paulo o link é este: https://cra-sp.implanta.net.br/servicosOnline/Publico/ConsultaInscritos/

E para a denúncia de Administradora não registradas, o link é este:

https://www.crasp.gov.br/crasp/site/autoatendimento/denuncia

E, se precisar de mais alguma informação ou tiver alguma dúvida, não deixe de nos contatar aqui pelo site ou pelo whatsapp.

Onde saber mais

Para aprender como fiscalizar o condomínio de maneira eficiente e não depender apenas da prestação de contas anual do síndico, conheça o curso Condomínio Transparente. Nele, você aprenderá como analisar os relatórios, entender seus direitos e cobrar uma gestão mais eficiente e transparente. Saiba mais acessando: https://www.auditor.adm.br/condominio-transparente.