Apresentamos aqui várias formas e abordagens dessa estratégia didática. Algumas não são exatamente o que se chama de One Minute Paper. Mesmo assim, a origem desses exemplos vem de outros países, especialmente na Escandinávia e Centro da Europa. Lá, o conceito de One Minute Paper é menos restrito do que acontece aqui.
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Exemplo 1 de One Minute Paper: Dar significado ao conteúdo
Após transferir para os alunos o conteúdo didático, é solicitado que eles proponham uma aplicação do mundo real, o mais próximo possível do alcance de sua visão de mundo, em que o conhecimento é aplicável.
É uma forma interessante de fazer o aluno descobrir "porque isso importa" para eles.
O contexto emocional envolvido com essa tarefa impacta a aprendizagem, associando a satisfação de ter oferecido um bom exemplo ao conteúdo aprendido, fixando o conteúdo, por isso professor deve incentivar os alunos com palavras de recompensa e motivação.
Descrição da atividade
Após ensinar um conceito abstrato, um procedimento, um princípio ou algo que não seja diretamente ligado à sua vida prática, distribua cartões e peça que cada um escreva uma indicação do conteúdo (por exemplo, "subtração") e um exemplo de quando ou onde aquilo acontece.
Se você achar interessante dar um passo adiante nessa aplicação, você pode pedir que leiam para todos o que foi proposto ou que discutam dois a dois quanto que o que foi ensinado tem a haver com o exemplo.
Numa aula de matemática, na subtração, o exemplo de dar o troco poderia ser encenado para demonstrar a importância real e imediata do cálculo.
Numa leitura individual para a sala poderia ser proposto que sempre fosse uma ideia nova, também.
Os cartões de significado poderiam ser colecionados pelos alunos com carimbos do professor e "trocados" por algum benefício no final do semestre (0,1 ponto a mais na média final).
Exemplo 2 de One Minute Paper: responda uma questão
Essa talvez seja a mais antiga forma dessa estratégia, afinal quem não se arrepiou quando a professora mandava tirar uma folha do caderno e responder uma questão? O que diferencia essa estratégia realmente posicionando-a como aprendizagem ativa é propor uma questão cuja resposta não tenha referência direta com o conteúdo didático entregue aos alunos. O diferencial existe quando o professor propõe uma questão que explora a possibilidade de que o aluno use sua inteligência superior, fazendo conexões mais complexas com outros tópicos (do mesmo conteúdo ou não). Pode ser um bom suporte para a prática da avaliação formativa dos alunos se o professor proporcionar a cada aluno um retorno sobre sua resposta.
Descrição da atividade
É conhecido esse processo: no final do ponto de matéria, peça aos alunos que tirem uma folha, identifiquem-se e respondam a uma questão oferecida pelo professor.
Exemplo 3 de One Minute Paper: proponha uma pergunta
Nessa outra forma dessa estratégia didática o que se pede aos alunos é que façam perguntas sobre o conteúdo que foi apresentado. O professor abre a possibilidade de que o aluno acesse sua estrutura de raciocínio de mais alto nível para propor uma questão. Há professores que avisam que as melhores perguntas serão as perguntas da "prova". Não vou discutir a questão se "prova" é uma boa estratégia de avaliação, mas cito a existência de professores que fazem isso para não ignorar esse fato.
Do ponto de vista prático, essa estratégia é interessante por oferecer ao professor uma contribuição para a construção de sua forma de avaliação formativa. O aluno ouve, na aula seguinte, as questões eleitas pelo professor e as respostas dadas pelo próprio professor.
Uma questão que é pouco trabalhada quanto a isso é que ao receber o conteúdo, formular uma questão, na aula seguinte ouvir uma questão sobre o conteúdo e ouvir a resposta, somaram-se quatro acessos ao mesmo conteúdo - todas de forma diferente - o que significa um reforço interessante e com relativo pouco esforço do professor (exceto o fato de eleger as melhores perguntas da turma a cada aula, que consome tempo escasso).
Descrição da atividade
É conhecido esse processo: no final do ponto de matéria, peça aos alunos que tirem uma folha, identifiquem-se e proponham a uma questão a ser respondida pelo professor (ou pela própria turma, a critério do professor, com complemento final feito pelo professor).
Exemplo 4 de One Minute Paper: Revisão por pares
De todas as formas de One Minute Paper essa é, talvez, a menos conhecida no Brasil. Conheci isso em um mini-curso na Suécia, organizado pela ISAGA, quando professores no curso compartilharam suas melhores experiências e sobre o excelente resultado obtido em seus países de origem. Demanda a impressão de um formulário para cada aluno e tem uma dinâmica muito instigadora e que, nas vezes em que apliquei, resultaram em muitas demonstrações de satisfação e motivação dos alunos.
O formulário pode ser obtido gratuitamente para leitores do texto e compartilhados sem restrições (gostaríamos de sermos citados no formulário e como referência no seu artigo científico). Faça o download: Minute Paper - Peer Review
Descrição da atividade
Durante ou após a apresentação do conteúdo, distribua as fichas (uma para cada aluno). Peça que cada um apresente uma ideia sobre o que foi apresentado, colocando seu nome, um título curto para a ideia e a descrição dela no campo maior. Ele deve escrever no primeiro campo. Observe que a melhor forma de aplicar é que esse aluno se identifique na ficha, mas os demais não façam isso - mesmo sabendo que o aluno é o próximo, o melhor é que haja essa sensação de colaboração anônima. Dá-se de 1 a 2 minutos para isso.
Então o aluno passa para o segundo aluno à sua direita, ou seja, pula um e entrega para o próximo (nessa hora é normal que se cause uma confusão - é salutar isso). Esse é o primeiro avaliador, que deve propor uma melhoria na ideia. Dá-se 1 minuto para isso.
Terminado o tempo, pede-se que se faça novamente a passagem das fichas para o segundo aluno da direita novamente (então, será o quarto aluno da direita do autor original) que irá fazer o papel do segundo avaliador, que deverá propor uma segunda sugestão para melhorar a ideia do autor, mas sem repetir a ideia do primeiro avaliador. Dá-se um minuto para isso. O final retorna-se tudo aos autores originais. Essa atividade rápida termina com o autor dando as notas para seus avaliadores, nos campos X1 e X2.
A ideia foi que o autor vai ter não apenas a sua proposta de ideia de aplicação do conteúdo oferecido pelo professor. Terá, também, duas sugestões de melhoria daquela ideia.
Variações:
a) O professor pode colocar algum critério sobre o que é mais correto na lousa, mas é desaconselhável.
b) Se os avaliadores também se identificarem, isso poderá ajudar a formar a nota dos alunos na disciplina.
Note que se o autor é quem avalia os avaliadores, é uma avaliação pelo grau de colaboração para a construção do conhecimento de forma interativa e social, isso envolve emoções que aumentam a fixação do conteúdo que foi proposto para esse exercício.
Minhas observações de preferência nesta modalidade de Aprendizagem Ativa
Eu gosto muito do exemplo 4 justamente porque ao propor uma ideia ocorre o acesso a criatividade e é diferente das formas mais comuns de "arranque uma folha do caderno". O resultado tem sido sempre muito bom e engajador entre os alunos, inclusive em palestras - quando aplico isso como exemplo - tem dado bons resultados de avaliação. Você encontra mais ideias em um texto que produzi em 2015, com a orientação do Prof. Dr. Renato Vairo Belhot, acesse aqui.
Você possui outras variações do One Minute Paper? Compartilhe também, comente abaixo e faça contato, será sempre benvindo.
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